258 árvores serão extraídas em Aracaju(SE): ação absurda ou admissível?

Foto: FAN F1
A celeuma está criada. A Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA) tomou uma polêmica decisão de extrair 258 árvores do canteiro central do chamado corredor Hermes Fontes. Para uma cidade que já foi muito arborizada é uma medida que assusta. Principal corredor de transporte público da capital, a via interliga com outras vias, a zona Norte à zona Sul de Aracaju. Todo aracajuano sabe a dificuldade que é trafegar nessa via nos momentos de grande fluxo, os chamados horários de pico.

A Hermes Fontes é ladeada de condomínios, residências, prédios comerciais. No seu centro, um canteiro com árvores. Quais as soluções devem ser pensadas e tomadas para dar vazão ao imenso número de veículos que por ali trafegam? Uma delas é alargar a via. Para isso, alguma medida deveria ser tomada e a PMA fez a escolha pela retirada das árvores, que em menor quantidade continuarão existindo no canteiro e haverá o replantio.

Analise e responda: seria social e financeiramente possível, pagar indenização para diminuir calçadas e alargar as vias não pelo canteiros, mas por suas extremidades?

Não é uma questão de defesa do gestor de plantão, é uma discussão sensata do possível, do real, o ideal seria nunca precisar de medidas como esta. E aceitar a mesma como admissível, não é jamais, aceitar que toda e qualquer ação de impacto no meio ambiente.

A medida privilegia apenas a veículos, sem pensar em pedestres? Não, a medida pensa em todos os atores da mobilidade, atendendo, claro, ao possível. A medida não é absurda, é a escolha do admissível numa tentativa de olhar para a Aracaju do futuro. Como Aracaju do futuro, arrancando árvores? Se formos por essa linha de raciocínio, todos nós moradores de Aracaju deveríamos sair da cidade, demolir e limpar tudo que foi construído e abandoná-la, na esperança de que o mangue aterrado para nossa chegada, volte a ter vida. Não é para ser radical? Então vamos ao extremo para os extremos.

A PMA se compromete com o replantio de 288 árvores. Para uma sociedade ambientalmente sustentável, não se está restrito a decisão por ações de impactos, ao contrário, toda ação gera impacto, o que não podemos é abrir mão das compensações, ou de permitir ações que as medidas compensadoras não tragam efeitos na mesma proporção. Aliás, a retirada de árvores com replantio está prevista na legislação, quando a obra tem interesse social.

Há opositores agindo sob princípios e com responsabilidade, antes de criticar estão pedindo detalhes do que será feito. Há ambientalistas que estão realmente comprometidos e preocuoados, só não li deles ainda a apresentação de alternativas, e há os oportunistas, que moram em terrenos que eram mangue e que não protestaram por isso, andam em carro 2.0 com alto poder de poluição e não protestam por isso, não realizaram em nenhum momento da vida campanhas de incentivo à proteção do meio ambiente, talvez nunca tenham plantado uma árvore, mas viraram ambientalistas da noite para o dia. Não há quem aguente tanta hipocrisia.

A PMA precisa de duas providências, mostrar um mapa com a localização de onde essas 288 árvores serão replantadas e plantadas, isso daria a transparente segurança de que não é apenas discurso. E para além disso, de uma vez por todas enviar o Plano Diretor para a Câmara Municipal de Aracaju, confirmando na prática que Aracaju, será planejada para ser ambientalmente sustentável e quem sabe, voltar a ser a capital da qualidade de vida.


Por Narcizo Machado / FAN F1

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