Valmir de Francisquinho é indiciado pela Polícia Civil (Foto: Arquivo Portal Infonet) |
Neste novo processo, que envolve outros impostos, estima-se um prejuízo de aproximadamente R$ 3,8 milhões aos cofres públicos, em um período de dois anos, verificado a partir das inconsistências observadas na contabilidade do município. As investigações foram realizadas pela Polícia Civil por solicitação do Ministério Público Estadual. Nos procedimentos instaurados, se conclui que o prefeito e assessores diretos que comandavam as finanças públicas de Itabaiana montaram uma espécie de caixa próprio para recolher os tributos, sempre pagos em espécie, sem que o montante fosse registrado pela contabilidade oficial do município.
Há informações que os contribuintes teriam feito o pagamento dos tributos usando dinheiro em espécie, dirigindo-se a um local específico da administração municipal classificado como Caixa da Prefeitura. Esse tipo de procedimento foi criticado pelo Tribunal de Contas do Estado, que já havia determinado o fechamento da unidade para que as taxas e impostos fossem quitados através de agências bancárias em procedimentos que evitasse fraude e houvesse maior controle das finanças públicas.
Há relatos que até os auditores fiscais do município foram impedidos de realizar o trabalho e tiveram senhas e usuários deletados do sistema de informática do município. Além do prefeito, também respondem a essa ação judicial os assessores Valdirene Rocha Nascimento, secretária da fazenda do município, a tesoureira Tatiane dos Santos Lima e Adalgisa da Silva Oliveira.
Os acusados negaram qualquer irregularidade no Caixa e nas finanças da Prefeitura de Itabaiana, alegando que todos os recursos que foram destinados para o pagamento das taxas eram depositados regularmente na conta bancária da prefeitura e até cogitando, inclusive, a possibilidade de ter ocorrido manipulações do sistema da prefeitura supostamente feitas por adversários políticos do prefeito durante o período que Valmir de Francisquinho ficou afastado da prefeitura em cumprimento a determinação judicial.
Procurada pelo Portal Infonet, a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) confirmou que a investigação realizada pela equipe do Departamento de Crimes Contra a Ordem Tributária e Administração Pública (Deotap) já foi concluída, que o prefeito e assessores foram indiciados e que o inquérito policial já foi encaminhado pela delegada Thaís Lemos ao Poder Judiciário sergipano.
Prisão
O prefeito Valmir de Francisquinho foi preso em novembro do ano passado, acusado de desvio de recursos públicos decorrentes da cobrança de taxas para utilização do matadouro público. A prisão ocorreu durante a Operação Abate Final desencadeada pelo Deotap e Ministério Público Estadual, com participação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado e pela Promotoria de Justiça do Patrimônio Público.
Além da prisão, na época, a justiça também determinou a apreensão de documentos e equipamentos eletrônicos da Prefeitura de Itabaiana. Analisando os documentos apreendidos, a equipe do Ministério Público Estadual identificou as inconsistências dos dados fiscais envolvendo o pagamento dos impostos e taxas cobradas pela administração municipal e solicitou que a Polícia Civil realizasse a investigação.
Por Cassia Santana